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Se você está dando os primeiros passos no Ayurveda, já deve ter ouvido falar dos doshas vata, pitta e kapha. Essas três entidades biológicas são responsáveis por todas as ações que ocorrem em nosso organismo, como a respiração, o metabolismo e a hidratação, por exemplo.

E sempre que pensamos em vata dosha, é comum lembrarmos do quanto ele pode ser incômodo. Afinal, ele é responsável por um grande número de doenças. Mas o que nem sempre paramos para pensar é que sem o dosha vata, nossa vida não existiria.

Curiosa para saber o porquê? Continue a leitura e entenda melhor o que é vata dosha, quais são as características dele e como você pode ter uma vida mais harmoniosa mantendo-o em equilíbrio!

O que é vata dosha?

De acordo com o Charaka Samhita, um dos textos mais antigos do Ayurveda, vata dosha é o nosso próprio élan vitae, isto é, a nossa força vital. Nesse sentido, ele é o principal responsável pela sustentação dos corpos dos seres vivos.

Chakrapani, um dos mais reputados comentadores do Charaka Samhita, vai além, destacando a importância de vata dosha para os seres vivos. Ele diz: “Ayus, ou élan vitae, é a união do corpo, dos sentidos, da mente e da Alma”.

Portanto, podemos compreender vata dosha como a própria vida, o Ayus que compõe a palavra Ayurveda.

Quais são os subtipos de vata dosha?

Todos os doshas do corpo — vata, pitta e kapha — possuem 5 subdivisões. Essas subdivisões ou subtipos são responsáveis por funções específicas dentro do nosso organismo. No caso de vata dosha, nós temos:

Prana vayu

Prana vayu é a entidade responsável por todas as ações que envolvem o ar na parte superior do nosso corpo, isto é, respiração, espirro, arroto, cuspe e deglutição dos alimentos. Ele se localiza na cabeça, garganta, língua, boca, nariz e peito.

Udana vayu

Udana vayu trabalha em relação direta com prana vayu e é responsável pela fala, esforço, entusiasmo, força e compleição. Ele se localiza na garganta, peito e umbigo.

Samana vayu

Samana vayu é a subdivisão de vata dosha que atua diretamente na digestão, trabalhando em conjunto com pachaka pitta e kledaka kapha.

Sua localização fica próxima ao jatharagni, o nosso principal agni. Além disso, ele penetra pelos canais de eliminação do suor, pelos canais de circulação dos doshas e também pelos canais de circulação de água do nosso corpo.

É por isso que qualquer problema em samana vayu afeta rapidamente a digestão e se espalha por outros locais do nosso corpo, podendo desequilibrar também pitta e kapha dosha.

Vyana vayu

Vyana vayu está presente em todo o nosso organismo e move-se muito rápido. Dessa forma, é o responsável por movimentos como piscar os olhos, contrações musculares e reações repentinas.

Apana vayu

Apana vayu, por sua vez, está localizado na região urogenital, compreendendo o umbigo, útero, ovários, bexiga urinária, ânus, cólon, pênis e testículos.

Ele é o responsável pelas funções de eliminação do nosso corpo, seja de urina, fezes, menstruação ou sêmen.

Para as mulheres, ter um apana vayu em equilíbrio é essencial na prevenção de doenças ginecológicas.

Quando diagnosticamos um desequilíbrio de vata dosha, temos que compreender qual — ou quais — dessas subdivisões está desequilibrada. Por isso, é fundamental entender quais são suas funções e como elas se relacionam não só entre si, mas também com os subtipos de pitta e kapha dosha.

Vata dosha: características e suas influências dentro e fora do corpo

Uma das perguntas que a maioria das pessoas faz em relação ao Ayurveda é como os sábios e sábias de milhares de anos atrás tinham um conhecimento tão detalhado do corpo dos seres vivos. E a resposta é uma só: eles aprendiam com a Natureza.

Perceba que os doshas representam elementos que são abundantes nela: ar, fogo e água. Mas existem outras propriedades que podemos perceber e que também devem ser observadas em nossos corpos.

Quando o assunto é vata dosha, o Charaka Samhita lista seis propriedades:

  • secura;
  • leveza;
  • frieza;
  • instabilidade;
  • aspereza;
  • não-viscosidade.

Quando essas propriedades se apresentam de uma forma acentuada, como uma pele seca ou perda de peso repentina, é sinal de que vata dosha está em desequilíbrio.

O contrário também pode acontecer: uma pele muito oleosa ou o ganho de peso repentino podem indicar uma deficiência de vata dosha no organismo.

Esses são exemplos de influência do vata dosha no mundo interno, isto é, nosso corpo. Mas o Charaka Samhita também aponta as influências do dosha vata no mundo externo, ou seja, na Natureza.

Esse comparativo não é à toa. As civilizações antigas, assim como os povos originários, não se viam — e não se veem — apartados da Natureza.

Pelo contrário, veem-se como um reflexo Dela. Um microcosmos dentro de um macrocosmos. Portanto, tudo o que acontece fora de nós, acontece dentro de nós.

E quais são os sinais de um vata dosha desequilibrado na Natureza? Inundações, terremotos, erupções vulcânicas, incêndios… tudo o que temos visto com cada vez mais frequência.

O que causa o desequilíbrio de vata dosha?

O princípio básico do dosha vata é o movimento. Nesse sentido, qualquer tipo de estagnação ou aprisionamento desse movimento pode gerar desequilíbrios profundos.

Isso pode se dar de inúmeras maneiras. Desde segurar aquele xixi enquanto não chega em casa, até não nutrir sua mente de novos conhecimentos.

O contrário também é verdadeiro: forçar-se a fazer xixi antes de sair de casa sem que você esteja com vontade de urinar, bem como o excesso de informações sem um propósito, também podem agravar vata dosha.

É claro que a alimentação joga um papel determinante nessa equação. Nesse sentido, alimentos que possuem sabor amargo, picante ou adstringente são os principais causadores de desequilíbrio em vata dosha.

Mas também podemos citar a falta de untuosidade, de viscosidade e de peso como fatores que potencialmente agravam o dosha vata.

Por essa razão, a melhor forma de se alimentar é mantendo refeições equilibradas, que tragam variedade ao prato e promovam saciedade.

Outro ponto fundamental para o equilíbrio ou desequilíbrio de vata dosha é o sono. Dormir o suficiente é essencial para reparar o nosso organismo do desgaste diário, seja físico ou mental.

Portanto, quando não respeitamos essa necessidade básica do nosso corpo, desequilibramos vata dosha, que passa a se comportar de forma agravada. Esse aumento pode gerar outros problemas, como dores de cabeça, irritação, tremores, entre outros.

Por fim, temos a questão da digestão. Quando temos um problema digestivo, existe uma grande chance de bagunçarmos o funcionamento de samana vayu. Lembra que ele é o dosha que penetra em outros canais de circulação no organismo?

Pois bem, se samana vayu aumenta demais, pode gerar questões como inchaço abdominal, gases, refluxo, constipação ou diarreia, entre outros problemas.

Dosha vata: como equilibrar?

Eu poderia dizer para você comer alimentos doces, azedos e salgados, fazer musculação e inserir o abhyanga (oleação) na sua rotina diária. Contudo, essas indicações só podem ser feitas depois de uma análise completa de quem você é e quais desequilíbrios estão afetando o seu corpo.

Por isso, prefiro dizer que o equilíbrio de vata dosha está em saber levar a vida com mais leveza e fluidez.

  • Crie uma rotina que te possibilite dormir cedo, entre 21h e 22h, e despertar entre 5h e 6h.
  • Guarde nem que seja 5 minutinhos do seu dia para fazer um exercício de respiração profunda, inalando e exalando o ar de forma lenta e ritmada. Se for possível, faça isso por 10 ou 15 minutos.
  • Desenvolva o hábito de descansar física e mentalmente, deixando de lado notebook, celular e televisão. Leia um bom livro.
  • Escolha alimentos que nutrem o seu corpo, não aqueles que enchem o seu estômago.
  • Prefira sempre frutas, verduras, legumes, feijões, lentilhas, raízes… O Brasil é um país abençoado com fartura de alimentos que vêm da terra. Valorize isso.

E aqui fica um alerta: existem muitos conteúdos falando sobre dieta para o dosha vata, conectando com a ideia de que se você tem uma prakrti com predominância de vata dosha deveria comer este ou aquele alimento. Essa é uma interpretação equivocada dos textos clássicos do Ayurveda.

Dieta para dosha vata: um equívoco evitável

Se existe um desequilíbrio de vata dosha no corpo, o alimento se torna um medicamento para solucionar esse desequilíbrio. Uma vez que o dosha retorna ao seu estado normal, você só precisa levar uma alimentação equilibrada.

E, se você tem uma prakrti com predominância de vata dosha, não precisa se preocupar, pois esta é a sua natureza, a sua essência. A medida a ser adotada é uma alimentação oposta ao ambiente no qual você vive, não contrária ao que você é em essência.

Por exemplo: se você vive no Nordeste brasileiro e tem uma prakrti vata, deveria consumir mais alimentos doces, azedos e salgados. Também deveria introduzir gorduras saudáveis na sua dieta, como o azeite de oliva, e fazer mais oleação corporal (abhyanga) do que uma pessoa que vive no Sul.

Consegue perceber a diferença? Se você adota uma dieta anti-vata tendo uma prakrti vata, está atacando a si mesma, o que pode levar a problemas profundos.

Por outro lado, se você controla os fatores externos que podem provocar um aumento de vata dosha no seu organismo, como alimentos muito secos, amargos e adstringentes, você tem domínio sobre a sua saúde.

Espero que este artigo tenha te ajudado a entender melhor o que é vata dosha, quais são os gunas ou propriedades desse dosha e também que ele não é seu inimigo. Pelo contrário, vata é o principal responsável por você estar viva.

Um forte abraço e a gente se fala no próximo artigo.

Eve.

Évelim Wroblewski

Évelim Wroblewski é terapeuta Ayurveda especializada em Ginecologia Ayurveda e Ginecologia Natural. Possui Formação em Medicina e Herbolaria Tradicional Andina e Formação em Partería Ancestral Andina. Cursa Formação em Kaya Chikitsa (Medicina Interna pelo Ayurveda), Especialização em Manas Vijñana (Psicologia e Psiquiatria pelo Ayurveda) e Especialização em Medicina Tradicional e Cosmovisão Indoamericana.

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