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Vaginite é uma infecção da mucosa vaginal que causa sintomas como coceira, irritação, ardência, odor forte e corrimento anormal. Ela também pode afetar a vulva, sendo chamada de vulvovaginite.

Esse tipo de infecção pode ser causado por diversos fatores e afeta cerca de 29% das mulheres em todo o mundo.

Entre as subdivisões da vaginite, a mais comum é a vaginite bacteriana, que causa corrimento vaginal anormal, com aspecto mais líquido e coloração cinza claro ou branca. Além desta, também existem outras apresentações da vaginite, como a tricomoníase e a candidíase vulvovaginal.

Todas elas causam sintomas que podem ser fisicamente desconfortáveis e levar a impactos sociais e emocionais que minam a autoestima e a saúde da mulher.

Por isso, é importante levarmos em consideração tanto os fatores físicos quanto os mentais, emocionais e sociais no momento de diagnosticar e tratar esse tipo de desequilíbrio.

Quais são os tipos de vaginite?

A vaginite pode se apresentar de diversas formas, a depender do tipo de agente causador.

Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana pode ser causada por bactérias como a Gardnerella vaginalis, a Mycoplasma hominis, Prevotella species e Mobiluncus species.

Neste caso, os sintomas mais comuns são corrimento com odor de peixe, homogêneo, branco ou cinza claro.

Tricomoníase

A tricomoníase é causada pela bactéria Trichomonas vaginalis e costuma apresentar corrimento espumoso, verde ou amarelado.

Diferentemente da vaginose bacteriana, a tricomoníase vem acompanhada de dor, seja durante a micção, a relação sexual ou até mesmo de forma contínua.

Ela também pode causar inflamação tanto na vulva quanto no canal vaginal e no cérvix. Portanto, é de suma importância investigar esses sinais e sintomas. 

Candidíase vulvovaginal

A candidíase vaginal, por sua vez, é provocada pela proliferação da bactéria Candida, sendo que as espécies mais comuns são a Candida albicans, Candida krusei e Candida glabrata.

Entre os sinais e sintomas da candidíase vulvovaginal encontramos o corrimento branco, espesso e sem odor. Além disso, pode haver sensação de queimação, dor ao urinar e durante a relação sexual. Prurido e sinais de inflamação também são comuns na candidíase.

Vaginite atrófica

A vaginite atrófica é causada pela deficiência de estrogênio no organismo, por isso, costuma afetar mulheres na menopausa. Neste caso, o corrimento é amarelado ou esverdeado, espesso e sem odor.

Essa condição vem acompanhada de secura vaginal e dor durante a relação sexual.

A vagina pode apresentar lesões e a vulva pode perder sua camada de gordura natural, ficando irritada e ressecada.

Vaginite não-infecciosa

Além das infecções causadas por bactérias, a vaginite também pode acontecer em decorrência de irritações ou alergias locais.

Nestes casos, ela pode estar associada a hábitos de higiene insuficientes ou contato com produtos variados, desde sabonetes e absorventes higiênicos sintéticos até o contato com preservativos de látex e lubrificantes sexuais.

Quais são os fatores de risco para o surgimento da vaginite?

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento de vaginose bacteriana estão hábitos como tabagismo, falta ou excesso de higiene íntima, relações sexuais desprotegidas e uso de medicamentos, como antibióticos.

Produtos como sabonetes íntimos, espermicidas, lubrificantes vaginais e até mesmo dispositivos intra-uterinos (DIU) podem causar o desequilíbrio da flora bacteriana vaginal e provocar esses distúrbios.

Além disso, roupas íntimas sintéticas, justas ou apertadas, que impedem a região vaginal de respirar adequadamente, também podem contribuir para o desequilíbrio.

Outro ponto que devemos observar é o histórico médico da paciente, pois tratamentos como quimio e radioterapia, desequilíbrios hormonais ou imunológicos, assim como medicamentos inibidores de estrogênio também podem contribuir para o surgimento da vaginite.

E, como não poderia deixar de ser, a alimentação também tem uma forte influência sobre o equilíbrio da flora bacteriana do nosso organismo. Nesse sentido, alimentos refinados e ricos em açúcar podem ser responsáveis pelo surgimento dos diversos tipos de vaginose.

Agora que você já tem um overview do que é vaginite, quais são os tipos, sintomas e fatores de risco, vamos ao que interessa: como o Ayurveda vê esse tipo de desequilíbrio e qual é a melhor forma de tratamento?

Diagnosticando a vaginite de acordo com o Ayurveda

Sabemos que no Ayurveda o diagnóstico se dá pela identificação dos doshas desequilibrados e que identificamos os doshas em desequilíbrio pelos sintomas apresentados, certo? Portanto, o primeiro passo é fazermos uma entrevista completa com a paciente para identificarmos os sinais e sintomas.

No caso da vaginite, mesmo que o desequilíbrio primário seja de pitta ou kapha dosha, invariavelmente teremos o envolvimento de vata dosha, já que o desequilíbrio acontece no seu lugar de residência. Nesse sentido, é fundamental estar atenta a possíveis desequilíbrios de apana vayu em concomitância.

Tratando a vaginite de acordo com o Ayurveda

O tratamento ayurvédico para a vaginite vai consistir de terapias que aliviem os doshas envolvidos. Mas, antes de qualquer coisa, precisamos eliminar os hábitos que estão causando o problema. Chamamos esta etapa de nidana parivarjana.

No nidana parivarjana vamos verificar alimentos, bebidas e comportamentos que possam estar contribuindo para o surgimento da vaginite. Alguns exemplos:

  • alimentos ricos em carboidratos, açúcares e farinhas refinadas;
  • roupas sintéticas justas ou apertadas;
  • uso de sabonetes íntimos, lubrificantes vaginais, DIU, etc;
  • consumo de antibióticos por longos períodos;
  • entre outros.

Feitos esses ajustes, o próximo passo é o shamana chikitsa, isto é, as terapias de pacificação dos doshas. E aqui, precisamos ter feito um bom diagnóstico anteriormente.

Vaginite causada por desequilíbrio de vata dosha

Neste caso, vamos usar terapias que ajudem no alívio de vata dosha. Portanto, a oleação cumpre um papel fundamental.

Podemos usar o óleo de gergelim com ervas de potência quente para realizar um parisheka (ducha vaginal), por exemplo.

Yoni pichu é outra possibilidade de tratamento neste caso. Ervas como bala (Sida cordifolia), madhuka (Glycyrrhiza glabra) e devadaru (Cedrus deodara) são alguns exemplos de plantas que temos disponíveis aqui no Brasil e que podemos usar.

Podemos aplicar, ainda, anuvasana basti com taivrtasneha ou leite medicado com dashamula. Aqui, uttara basti também poderia ser uma opção.

Trazendo um pouquinho da ginecologia natural para cá, os óvulos de babosa ou de óleo de coco poderiam ajudar muito na hidratação local, reduzindo a sensação de secura e possíveis fissuras causadas pelo excesso de ruksha guna.

Vaginite causada por desequilíbrio de pitta dosha

Quando a vaginite vem acompanhada de inflamação, ardência ou irritação, temos o envolvimento de pitta dosha.

Neste caso, precisamos usar ervas calmantes, com potência fria. Além disso, substituímos o óleo de gergelim pelo ghee.

Podemos preparar o basti com leite processado com ervas doces, que vão ajudar a acalmar os sintomas e reduzir a inflamação. Outra possibilidade seria usarmos o óleo de coco no lugar do ghee, por sua potência fria e sabor doce.

Vaginite causada por desequilíbrio de kapha dosha

Quando há envolvimento de kapha dosha na vaginite, usamos ervas quentes, ressecativas e de katu rasa (ou katu vipaka).

Indicar que a paciente passe algum tempo sem roupas íntimas, somente com uma saia ou vestido, também pode ajudar a área a respirar e reduzir qualquer tipo de secreção.

Vaginite causada por desequilíbrio de dois ou três doshas

Caso você observe que a paciente apresenta sintomas de dois ou três doshas ao mesmo tempo, o tratamento da vaginite deve ser de acordo com o dosha predominante. Ou então, você deve buscar ervas que sejam capazes de pacificar todos os doshas envolvidos.

Aqui, vale a pena pensarmos em yoni avagaham com triphala ou, puxando para a nossa medicina tradicional, poderíamos usar o barbatimão, tomando cuidado com os sintomas de vataja yonivyapad, já que ele é bastante ressecativo.

Como você viu, normalmente, a vaginite é uma infecção bacteriana decorrente de um desequilíbrio em nosso organismo e o Ayurveda pode nos ajudar a devolver esse equilíbrio de forma simples, natural e mais conectada com um estilo de vida saudável.

Por isso, na hora de tratar a vaginite, vale a pena considerar as terapias ayurvédicas antes de ir direto para os medicamentos alopáticos. Pode até demorar um pouquinho mais para ver os benefícios, mas, seguramente, eles serão de longo prazo.

Espero que este artigo tenha te ajudado a compreender a vaginite do ponto de vista da Medicina Ayurveda. E, caso queira se aprofundar ainda mais no assunto, te convido a conhecer melhor as yoni vyapad ou doenças ginecológicas no Ayurveda.

Um abraço e a gente se vê no próximo artigo!

Eve.

Évelim Wroblewski

Évelim Wroblewski é terapeuta ayurveda especializada em ginecologia ayurveda (striroga) pelo Instituto Adhipati e Sankarakripa Arogya Nikethanam, terapeuta da ginecologia natural pela escola Curandeiras de Si, e possui Formação em Medicina e Herbolaria Tradicional Andina pelo Instituto de Arte, Cultura, Ciência e Tecnologia Indígena de Santiago em parceria com a Escola de Medicina Andina.

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