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Quando se fala em práticas milenares como o Ayurveda, é comum as pessoas se questionarem sobre quais são os benefícios de optar por esses sistemas de medicina tradicional em vez da medicina moderna.

E o questionamento é bastante válido, uma vez que estamos habituadas a buscar soluções instantâneas para calar os nossos corpos em segundos para que possamos continuar a ser produtivas para o sistema capitalista.

Está com dor de cabeça? Toma paracetamol. Cólica menstrual? Buscopan. Deu crise de fibromialgia? Ibuprofeno. E assim por diante.

Por algum tempo, até funciona. Vamos forçando nossos corpos a se acostumarem com esses paliativos, até que um belo dia, não funciona mais. Falo com propriedade, pois passei quase 15 anos da minha vida fazendo isso.

Entre injeções de benzetacil e caixas e mais caixas de ibuprofeno, passando por corticoides e sessões de fisioterapia, as enxaquecas só aumentavam e as dores articulares só pioravam. Até que um dia, resolvi jogar tudo para o alto.

Um causo pessoal

Sei que você chegou até aqui para conhecer os benefícios do Ayurveda. Caso esteja com pressa, pode rolar a tela até o próximo subtítulo. Mas, como comecei o artigo falando de uma experiência pessoal, me sinto na obrigação de esclarecer os fatos.

Fui diagnosticada com artrite-reumatoide aos 14 anos. Alguns meses antes, meus dedos das mãos começaram a inchar como nunca. Ficavam vermelhos e pareciam que iam estourar a qualquer momento. Quando isso acontecia, perdia totalmente a mobilidade das articulações e a força nas mãos.

Fui a vários médicos. Fiz inúmeros exames. Passei por dezenas de sessões de fisioterapia. E nada. Até que, pela falta de diagnóstico conclusivo, o reumatologista assinou um papel dizendo: artrite-reumatoide.

Dos 14 aos 28 anos, o problema só piorou. A inflamação passou para os pulsos, cotovelos e joelhos. Tinha dias que não conseguia sequer segurar um garfo nas mãos, de tanta dor que sentia.

Alguns meses depois de entrar na faculdade, faltei uma semana de aulas e estágio porque não conseguia ficar em pé. Sentia que meus joelhos iriam esmigalhar a qualquer segundo.

A médica da faculdade me recomendou repouso absoluto e abrir mão de pelo menos uma das minhas três atividades: faculdade e dois empregos. Obviamente, isso não era uma possibilidade para mim.

Após uma semana de recuperação, voltei à mesma rotina. A combinação cefalexina + ibuprofeno fazia parte do meu dia a dia. E logo começou outro problema: as enxaquecas.

Eu tinha enxaquecas horríveis, que me levavam a atestados médicos de uma semana e que culminaram em antidepressivos receitados pelo neurologista. Aí, eu não conseguia nem sair de casa, pois ficava chapada o tempo todo.

Até que um dia, resolvi dar um basta. Se era para me acabar em remédios e mesmo assim seguir sentindo dor, eu ficaria com a dor e ponto.

Por obra do acaso ou da Consciência Cósmica, um tempo depois me deparei com um artigo que falava sobre a conexão entre a alimentação e a artrite-reumatoide.

Comecei a entender como a alimentação contribuía para as crises. Pouco a pouco, fui aprendendo a ouvir mais o meu corpo e a “prever” quando as crises viriam. Elas diminuíram muito, mas, ainda assim, apareciam de vez em quando.

Elas só acabaram mesmo quando conheci o Ayurveda e os benefícios dessa medicina ancestral.

Ayurveda: benefícios para quem deseja mais saúde

É claro que os benefícios que o Ayurveda trouxe para mim podem não ser os mesmos para você. Afinal, Ayurveda é um sistema de medicina de precisão, que olha para cada ser humano de maneira individual e única.

Mas de maneira geral, ele tem impactos que podem ser aproveitados por qualquer pessoa.

Sistema de saúde preventivo

Lembra que eu comentei lá no início sobre querermos soluções instantâneas para os nossos problemas de saúde?

Pois bem, melhor do que tratar é prevenir, já dizia o ditado. E o Ayurveda é mestre nisso.

Os textos mais importantes do Ayurveda, preservados há milhares de anos e revisados sistematicamente por especialistas ao longo do tempo, trazem indicações simples e práticas para mantermos a nossa saúde.

De forma resumida, existem três pilares que fundamentam essa prevenção: alimentação, sono e rotina. Você vai conhecer essa tríade por aí como trayopastambha.

Alimentar-se corretamente, descansar o necessário e manter uma vida regrada não parece tão difícil, certo? Ao menos, não deveria ser.

Mas, a todo momento, somos empurradas para uma corrida desenfreada ditada por uma sociedade que se esqueceu do que é ter qualidade de vida.

Chovem livros e pseudo-gurus ensinando como você pode ser mais produtiva levantando às 4h da manhã, lendo um capítulo de livro por dia, ouvindo podcasts de negócios enquanto malha na academia…

Mas e quem levanta às 4 da matina para pegar o transporte público às 5h e chegar ao trabalho às 8h? E que faz o mesmo trajeto de volta para casa, chegando 20h, 21h da noite?

E quem tem dois empregos e ainda tenta se formar na faculdade, fazendo aulas a distância no contraturno?

De fato, a maioria da população mundial não em condições de seguir essas dicas fail de vida saudável. Mas o Ayurveda nos apresenta uma forma básica, possível dentro das nossas limitações: alimentação, descanso, rotina.

Sistema de medicina natural

Com o Ayurveda, mesmo que você já tenha algum problema de saúde ou “meta o pé na jaca” de vez em quando, pode contar com tratamentos totalmente baseados em elementos da natureza.

Chás, enemas, pós, cataplasmas, xaropes, tinturas, pomadas, as possibilidades são infinitas. E o melhor, com ervas medicinais que não precisam, necessariamente, passar por processos de industrialização.

Obviamente, o processo de alívio de sintomas e de cura vai ser diferente daquele experimentado com os recursos da medicina moderna. Mas só o fato de saber que você pode cuidar da sua saúde de forma simples e natural, é impagável.

Esse é um dos benefícios do Ayurveda que mais me encantam, até porque, posso combinar os conhecimentos ayurvédicos com os andinos e expandir as opções de tratamento para inúmeras doenças.

Custo-benefício mais atrativo

Por ter como base produtos naturais, sejam eles alimentos, ervas ou condimentos, o Ayurveda também se torna um sistema de medicina de baixo custo.

Você pode ter algumas ervas curingas no seu jardim ou mesmo na sua sacada, em vasos, e comprar outras em ervanários.

Cúrcuma, gengibre, cominho, manjericão, sálvia e tomilho são alguns exemplos de ervas que você pode ter sempre em casa. Capim-limão, boldo, guaco e erva-tostão são outros.

Além das ervas, estar a par dos cuidados específicos a cada estação também não custa nada e ajuda muito a manter a sua saúde em dia.

Diagnóstico e tratamento individualizados

Quantas vezes você já entrou em um consultório médico e saiu cinco minutos depois com uma receita padrão?

Isso é bastante comum e característico da nossa medicina moderna, pois somos consideradas a média de todas as pessoas, não seres que possuem suas próprias características e necessidades.

Em uma consulta de Ayurveda bem feita, por outro lado, o diagnóstico é feito com base em quem você é de fato. Por isso a anamnese é tão detalhada.

Ao conhecer você em profundidade, a terapeuta ou o terapeuta ayurveda pode oferecer tratamentos personalizados, que vão te ajudar a obter resultados mais eficazes. E o melhor de tudo: respeitando a sua individualidade.

Você come carne? Não precisa abrir mão desse hábito para ser saudável. É vegana? Também tem inúmeras possibilidades de se manter saudável sem consumir nada de origem animal.

O Ayurveda é inclusivo, é para toda e qualquer pessoa.

Autoconhecimento

Para mim, o Ayurveda é um caminho de autoconhecimento. E não me refiro apenas ao conhecimento do corpo e das suas necessidades físicas, mas ao conhecimento do Ser de forma integral.

Infelizmente, o Ayurveda, assim como a Medicina Tradicional Chinesa, sofreu uma interpretação ocidental ao chegar por aqui.

E a tentativa de justificar um sistema de medicina tradicional milenar pelos olhos da ciência moderna, que separa corpo, mente e espírito, fez com que uma das partes mais bonitas do Ayurveda fosse negligenciada.

Estou me referindo à parte espiritual. Os textos clássicos do Ayurveda estão carregados de conhecimento místico-filosófico que passa batido pelos olhares mais superficiais, que estão apenas em busca de saber o que comer para equilibrar cada dosha.

Mas, se você souber ler as entrelinhas, conectar os conhecimentos, observar as transformações que se operam em você, vai perceber que as mudanças são muito mais profundas do que simplesmente tratar uma doença. E esse é um dos benefícios do Ayurveda que eu julgo mais importantes.

Afinal, se você conhece a si própria, sabe discernir entre o que é bom e o que é ruim para si, deixando de acreditar em tudo o que os outros falam. E essa é a verdadeira liberdade: livre-arbítrio para tomar as suas próprias decisões.

Se você gostou de conhecer os benefícios do Ayurveda, talvez queira ir um cadinho mais a fundo. Então deixo aqui o convite para você ler também o artigo O que é Ayurveda, o sistema de medicina tradicional da Índia?.

Um abraço e a gente se vê no próximo artigo.

Eve.

Évelim Wroblewski

Évelim Wroblewski é terapeuta ayurveda especializada em ginecologia ayurveda (striroga) pelo Instituto Adhipati e Sankarakripa Arogya Nikethanam, terapeuta da ginecologia natural pela escola Curandeiras de Si, e possui Formação em Medicina e Herbolaria Tradicional Andina pelo Instituto de Arte, Cultura, Ciência e Tecnologia Indígena de Santiago em parceria com a Escola de Medicina Andina.

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