Fale com a gente

+55 41 9 9243-5848

Email

ola@vilabrahmi.com

Nosso horário

Seg - Sex: 9h às 17h

Medicina Tradicional Andina é um sistema de medicina que se desenvolveu nos arredores da Cordilheira dos Andes, na América do Sul, e hoje abarca os conhecimentos ancestrais de mais de 30 etnias.

Distribuídos entre Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Perú, Chile e Argentina, esses povos ancestrais têm trilhado séculos de resistência à dominação estrangeira, lutando pela perpetuação de saberes milenares.

Esses saberes remontam às civilizações que habitaram — e habitam — nosso continente há milhares de anos. Como exemplo, temos os incas, maias, astecas, quechuas, aymaras, mapuches, qom, tupi, kallawaya, entre tantas outras.

Se você quer saber mais sobre o que é Medicina Tradicional Andina e a riqueza desses saberes ancestrais, continua comigo!

Qual é a origem da Medicina Tradicional Andina?

Como você viu na introdução, a Medicina Tradicional Andina (MTA) caracteriza um conjunto de saberes de inúmeros povos que se desenvolveram nos arredores das Cordilheiras dos Andes. Por essa razão, não temos como determinar uma única origem para este conhecimento.

Assim como o Ayurveda, esse sistema de medicina se desenvolveu por meio da tradição oral, sendo passado de geração em geração até os dias atuais. 

Mas, nos últimos anos, temos visto o aumento dos esforços na divulgação desses saberes, assim como no registro destes conhecimentos para as gerações futuras.

Como funciona a Medicina Tradicional Andina?

A MTA está pautada na cosmovisão andina, que considera que existe um Ser Imanente e Sagrado, que flui através de quatro direções.

Essas direções são marcadas por quatro elementos: Tayta Nina (Fogo), Allpamama (Terra), Yakumama (Água) e Tayta Wayra (Ar) — qualquer semelhança com os panchamahabhutas no Ayurveda não é mera coincidência.

Mais do que elementos, a terra, o ar, o fogo e a água são seres vivos, assim como toda a manifestação material. Por isso, na cosmovisão andina, tudo é sagrado.

Nesse sentido, a saúde é reflexo da harmonia e equilíbrio que estabelecemos na relação com o nosso ambiente. A doença, por outro lado, é consequência da falta de equilíbrio com a Natureza.

De acordo com a Medicina Tradicional Andina, os desequilíbrios de saúde podem ser tanto físicos quanto espirituais.

Sendo assim, entre as possibilidades de tratamento estão o equilíbrio alimentar, a adoção de hábitos e comportamentos saudáveis, o uso de ervas medicinais e também a realização de rituais e oferendas.

Quem pode praticar a Medicina Tradicional Andina?

De acordo com a cosmovisão andina, as práticas de cura não podem ser realizadas por qualquer pessoa. Somente pessoas “escolhidas” é que podem receber esses conhecimentos ancestrais e praticá-los.

No caso do povo Mapuche, por exemplo, as machis recebem um chamado divino para assumirem essa função, por meio de cerimônias iniciáticas.

Já na tradição Kallawaya, o saber médico é transmitido de pai para filho sucessivamente desde os períodos pré-incaicos. Inclusive, os Kallawayas eram os médicos oficiais da realeza inca, um posto muito parecido ao dos vaidyas originais no Ayurveda. 

A nação Q’eros é outro exemplo de tradição ancestral de curanderia que remonta ao período inca. Além destes, temos as yatiris, qolliris, entre muitos outros nomes dados aos profissionais de saúde nessas tradições.

Outro ponto que é importante destacar, é que cada pessoa recebe um dom de cura diferente.

Isso significa que algumas pessoas seguem caminhos mais espirituais, outras lidam com plantas medicinais. Outras, ainda, curam com a energia das mãos.

Há quem faça diagnósticos pelo pulso, através dos movimentos astrológicos ou por meio da leitura da folha de coca.

Vale destacar que, salvo casos muito particulares, como os kallawayas, as mulheres sempre estiveram presentes nas práticas de cura e até hoje são as maiores responsáveis por manter esse conhecimento vivo.

O papel da comunidade na Medicina Tradicional Andina

O sistema de crenças andino é regulado por uma série de princípios, entre os quais o Ayllu, ou comunidade, tem um papel central.

Nesse sentido, para os povos andinos, a comunidade é um pequeno macrocosmo, do qual todas as pessoas dependem para sobreviver.

Nele, cada pessoa exerce uma função, contribuindo para que esta continue unida. Ao mesmo tempo, a comunidade dá suporte a cada pessoa para que esta possa se desenvolver em plenitude.

Sem a comunidade, o indivíduo fica deslocado de seu mundo, podendo adoecer.

Outros códigos que conformam essa existência são o Ayni (reciprocidade), a Minka (trabalho comunitário), o Munay (amor absoluto), a Mita (co-responsabilidade), Iachay (agradecer tudo o que foi aprendido), Anya (respeito à verdade de cada um), Llankay (trabalhar com amor) e Yachay (sabedoria adquirida através da experiência).

Medicina Tradicional Andina e o reconhecimento da OMS

A Medicina Tradicional Andina é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como um Sistema de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativo (MTCI).

Ao lado de outros sistemas de medicina ancestrais, como o Ayurveda, a Medicina Siddha, a Medicina Unani, a Medicina Mesoamericana e a Medicina Tradicional Afro-Americana, entre outras, a MTA tem um papel de suma importância na constituição da Cobertura Universal de Saúde.

Essa iniciativa tem por objetivo garantir que todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo, tenham acesso a serviços de saúde essenciais, sem dificuldades.

Isso envolve oferecer serviços de saúde financeiramente acessíveis, facilmente adaptáveis e de fácil adesão por parte dos pacientes, o que coloca as medicinas tradicionais em vantagem em relação à medicina moderna.

Além disso, a Medicina Tradicional Andina, assim como os demais sistemas de saúde tradicionais, possuem uma abordagem integrativa e preventiva.

Essa abordagem contribuir para a redução de doenças crônicas e um aumento significativo na qualidade de vida das pessoas que já são portadoras de algumas dessas enfermidades.

Se você quiser se aprofundar no assunto, no artigo Ayurveda no SUS: um sonho possível, falo um pouco mais a respeito do que precisamos fazer para ver essa realidade em prática.

Espero que tenha gostado de saber mais a respeito da Medicina Tradicional Andina e a gente se vê no próximo artigo.

Um abraço,

Eve.

Évelim Wroblewski

Évelim Wroblewski é terapeuta ayurveda especializada em ginecologia ayurveda (striroga) pelo Instituto Adhipati e Sankarakripa Arogya Nikethanam, terapeuta da ginecologia natural pela escola Curandeiras de Si, e possui Formação em Medicina e Herbolaria Tradicional Andina pelo Instituto de Arte, Cultura, Ciência e Tecnologia Indígena de Santiago em parceria com a Escola de Medicina Andina.

Você também pode gostar